segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ciência Social - 1



1-) O que vem a seguir é um texto publicitário premiado, criado pela agência MPM-Casablanca para anunciar o trator linha 200 da Massey-Ferguson. Leia-o com atenção:
(Em Anuário de Criação de São Paulo 1975-1976. São Paulo, CCSP, 1976, p. 146.)
Pescaria.

Pescador: É. Aí eu joguei a linhada no rio. Um baita dum pexão pegô a isca e começô a me puxá e eu num aguentava com ele cumpadre.
Compadre: Êpa...
Pescador: Aí, eu amarrei a linhada no meu trator Massey-Ferguson...
Compadre: Êpa...
Pescador: Aquele da nova linha Massey-Ferguson 200.
Compadre: Sei, sei.
Pescador: Com aquele baita motorzão, com nova direção, com cambio de oito velocidades e o peixe me puxava e eu grudado no trator e o peixe puxava nóis dois.
Compadre: Um momentinho, um momentinho. Ocêis tiraro ou num tiraro esse pexe do rio?
Pescador: É, tirá num tiramo mai qui intortamo o rio intortamo, viu?
Locutor: Nova linha Massey-Ferguson 200. Fator de vanguarda.

Considere estes três comentários sobre o texto reproduzido:
I. Há, no texto, marcas evidentes de uma variante lingüística do interior de certos estados brasileiros, principalmente São Paulo e Minas Gerais, conhecida pelo nome genérico de variante caipira.

II. São muitas as marcas da chamada variante caipira no texto, tais como: palavras típicas como baita (= enorme), grudado (= agarrado); pronúncias características como pexão, pegô, puxá. Mas há algumas contradições: o falante que diz pexão deveria dizer pexe e não peixe.

III. O emprego dessa variante ampliou muito o efeito expressivo do texto, pois ela é perfeitamente adequada ao tema pescaria (remetendo-nos às lendárias mentiras de pescador do meio rural brasileiro), aos personagens e ao produto anunciado, um trator.

Podemos dizer que é(são) correto(s):
A) apenas I.
B) II e III.
C) I, II e III.
D) I e III.
E) apenas II.

1-) Resp. Todos os comentários são corretos. (simulado Anglo 2000)

I. Não é preciso conhecimento especializado para um brasileiro identificar esse modo de falar como típico da variante caipira, situada sobretudo no interior de São Paulo e de Minas Gerais, com ramificações pelos estados de Mato Grosso e Goiás. A escolha lexical (das palavras) e as pronúncias não deixam dúvida a esse respeito.

II. Todos os usos apontados são característicos da variante caipira, além de outros como tiraro, mai qui... Mas há ao menos uma incoerência: o mesmo falante (o pescador), no mesmo contexto, pronuncia pexão e depois peixe.

III. A escolha da variante não poderia ser mais feliz, pois ajusta-se com perfeição ao tema, de natureza rural, ao produto (usado no preparo da terra para agricultura) e aos personagens, ambos homens do campo.

2-)

(Em revista Veja, n. 1647, 3 maio 2000, São Paulo, Abril.)

Todo anúncio publicitário tem um público-alvo, isto é, um segmento de consumidores que deve interessar-se pela mensagem veiculada; portanto é esperado que o discurso da propaganda procure se aproximar da linguagem do seu público-alvo.

Levando em conta o anúncio reproduzido anteriormente, feito por ocasião do Dia das Mães, analise as três afirmações:

I. O anúncio, ao usar a expressão “detonar”, tenta aproximar-se do seu público-alvo valendo-se da variante lingüística popular, para produzir uma identificação com os consumidores potenciais.

II. A expressão “acerte o coração”, que no contexto tem o significado de “agrade”, colabora para marcar o estilo coloquial do texto.

III. A frase “sem detonar o bolso do seu pai” explicita o público-alvo do anúncio, justificando assim a variante lingüística de acordo com a qual o texto foi escrito.
Está(estão) correta(s):

A) apenas I.
B) apenas I e II.
C) apenas II e III.
D) apenas III.
E) todas as afirmações.

2-) Resp. As três afirmações estão corretas, pois a intenção do anúncio é atingir um público que, para “acertar o coração da mãe”, não pode “detonar o bolso do pai”.
Se é assim, o público-alvo é o dos adolescentes, jovens (a maioria dos usuários da Internet) que precisam ainda do dinheiro do pai para presentear a mãe.
Por isso, a variante lingüística popular, coloquial, informal, a que os jovens estão mais acostumados, foi escolhida para a produção do texto.

3 -) Considere atentamente os dois textos abaixo. O primeiro deles foi escrito por um dos maiores poetas do Modernismo Brasileiro dos anos 20, e o segundo faz parte de uma peça publicitária lançada no início dos anos 90.
Leia, a seguir, as afirmações a respeito deles.

texto A:
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira.)

Texto - anúncio B

(Em Isto É Minas, n. 97, 29 set. 1993.)

I. Os dois textos apresentam como aspecto comum a comparação entre homem e bicho, denunciando a situação degradante a que estão submetidos determinados segmentos sociais.

II. No texto 1, a associação do homem com o bicho provoca no eu lírico espanto e admiração, reduzindo o primeiro à condição do segundo.

III. Nos dois textos, a expressão bicho possui valor positivo, sendo utilizada como termo de comprovação da precariedade do homem.

IV. No texto 2, a associação homem / bicho serve de ponto de partida para despertar no leitor o mesmo interesse pelo homem (“criança”) que o discurso ecológico dá ao animal (“bicho”).

Estão corretas apenas as afirmações contidas em:
A) II, III e IV
B) I, II e III.
C) I, II e IV.
D) II e IV.
E) I e III.

3-) Resp. A afirmação I está correta, pois chama a atenção para um aspecto importante dos dois textos: a degradação humana. Isso é feito, no texto 1, por meio da expressão de pasmo do eu lírico, o que torna a afirmação II também correta; no texto 2, faz-se por meio da utilização subtextual de um tema do discurso ecológico: a preservação animal, que provoca estranheza pela sua aplicação a um ser humano (“Preserve a criança brasileira”), tornando correta a afirmação IV.

Já a afirmação III está incorreta por atribuir à expressão bicho uma valoração positiva, o que só ocorre de fato no texto 2.

4-)

(Fonte: Art Spigelman, Maus, a história de um sobrevivente. São Paulo, Brasiliense, 1987)

Elementos do texto e das imagens da história em quadrinhos acima permitem-nos identificar:

A) a Europa atual, com os massacres étnicos cometidos em inúmeros conflitos localizados, após a dissolução da Iugoslávia.

B) o Brasil do início do século XX, quando os imigrantes europeus eram tratados de forma violenta por fazendeiros brasileiros.

C) a Europa do século XIX, em plena expansão da Revolução Industrial, com a crescente utilização de máquinas gerando desemprego.

D) a Europa de meados do século XX, quando houve perseguição em larga escala de minorias, por parte do governo da Alemanha nazista.

E) o Brasil do final do século XIX, quando se multiplicavam as fugas de escravos, às vésperas da Abolição.

4-) Resp. (simulado Anglo 2001)

A figura permite identificar claramente a perseguição a judeus na Europa dominada pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Entre os elementos que nos permitem chegar a tal conclusão, temos: referências ao gueto (local de concentração da população judaica em uma determinada cidade), sugestão de que a história se passa na Polônia (um dos principais locais de perseguição a minorias, na época) e a suástica estilizada, no último quadrinho.

5-) Foi inaugurado recentemente no Guarujá um novo aquário, o “Acqua Mundo”, que se propõe a descrever alguns ecossistemas brasileiros, como o Pantanal, os Manguezais, os recifes de coral, o costão rochoso, dando uma noção da variedade biológica que neles existe, assim como das adaptações dos seres vivos aos seus respectivos ambientes.

Numa seção do folheto fornecido aos visitantes, lê-se:
“Ao longo de seu passeio pelo Acqua Mundo, você entrará em contato com mais de mil espécies diferentes de peixes de água doce e salgada, como o peixe-folha, o falso peixe-voador, piranhas, enguias, tubarões, estrela-do-mar, anêmonas, camarões, ouriços, lagartos, sucuris, jacarés, etc., numa profusão de cores e formas.”
O texto acima, por um defeito de redação, classifica erroneamente vários animais como peixes (pertencentes ao filo dos Cordados). Considerando-se os animais citados, quantos outros filos estão representados na enumeração?
A) 1
B) 2
C) 3
D) 4
E) 5

5-) Resp. No texto proposto, o peixe-folha, o falso peixe-voador, as piranhas, as enguias e os tubarões são realmente peixes, portanto pertencem ao filo dos Cordados. Também são cordados os lagartos, as sucuris e os jacarés. No entanto, as anêmonas pertencem ao filo dos Cnidários; as estrelas--do-mar e os ouriços, ao filo dos Equinodermos; e os camarões, ao filo dos Artrópodes.

6-) A reprodução abaixo é um recorte da primeira página da Folha de S. Paulo (21 de abril de 2001).

GRAÇA

A bailarina Ana Botafogo (centro) e estudantes do projeto Dançando Para Não Dançar, que ensina balé a jovens carentes do Rio e inaugurou sede permanente ontem Pág. C8
Sobre a foto e sua respectiva legenda, só é correto um dos comentários a seguir:

A) A palavra graça, no início da legenda, tem sentido irônico, pois revela uma contradição: os que dançam hoje no palco vão dançar amanhã na vida.

B) O nome do projeto, Dançando Para Não Dançar, é de mau gosto e sem nenhuma graça, já que usa um verbo da língua culta com significado do linguajar de gíria.

C) Já que usaram gíria, deveriam usar pra em vez de para a fim de não criar uma incoerência gritante de linguagem.

D) O nome do projeto é bem arquitetado, explorando o duplo sentido da palavra dançar: um da língua culta escrita, outro da gíria.

E) O nome do projeto é bem arquitetado, pois está redigido rigorosamente dentro dos padrões da língua culta escrita.

6-) Resp. A palavra graça no início da legenda tem sentido literal. A beleza da foto, dos gestos, das vestes, as demais palavras da legenda, tudo converge para um sentido só: dar à notícia um caráter eufórico e auspicioso. O nome do projeto é bem elaborado: explora o sentido de dançar na língua culta escrita (bailar) e na gíria contemporânea (se dar mal, sofrer danos). Com base nessas explicações:
• a alternativa A não se sustenta, pois alega ironia onde não há;
• a B também é equivocada, pois joga com o pressuposto de que misturar variantes da língua é de mau gosto em qualquer situação;
• a C até faz uma proposta a ser considerada: trocar para por pra. Mas a opção por para não constitui uma incoerência gritante de linguagem: pra e para são quase equivalentes;
• a E é falsa no argumento usado para justificar a boa qualidade do nome do projeto. Um texto redigido de acordo com a norma culta escrita não é necessariamente bom; além disso, um dos sentidos do verbo dançar, no caso, não está de acordo com ela.

7-) Leia o poema “A Rosa Doente”, de William Blake, na tradução de Augusto de Campos (1975):


A respeito das imagens e dos recursos visuais e sonoros empregados pelo tradutor, aponte a alternativa incorreta:

A) A disposição gráfica dos versos e das palavras, formando uma espiral, retoma a principal figura enfocada pelo poema.

B) Nos versos Um verme pela treva / Voa invisivelmente / O vento que uiva o leva / ao velado veludo, a sonoridade das palavras simula a atividade dos agentes verme e vento.

C) O rebuscado desenho das letras selecionadas pelo tradutor quer dar a impressão de que o poema é uma espécie de receita médica, feita em caligrafia ininteligível.

D) A variação no tamanho das letras cria um efeito visual que reforça a idéia da gravidade da doença que afeta a Rosa.

E) A Rosa, no poema, pode ser interpretada como metáfora de pessoa vítima de uma paixão secreta.

7-) Resp. (Simulado 2002). Nesse poema, a sonoridade das palavras — sobretudo a alternância entre consoantes momentâneas (t, d, p, m, c) e não momentâneas (r, s, v, l, f) — cria a impressão de um movimento repetido e ininterrupto.

A forma espiralada das letras, que vão diminuindo de tamanho rumo ao centro,sugere que esse movimento prossegue até atingir o último alvo, o âmago da rosa, vítima de uma doença visceral e incurável. A única alternativa que se distancia completamente desses dados interpretativos é a C. Para compreender sua incorreção, basta levar em conta que o texto não fornece nenhuma pista para associar o desenho das letras com caligrafia incompreensível.

8 - ) Observe a foto e leia o texto:

(Fonte: 25º Anuário do Clube de Criação de São Paulo. Agência Master, 2002.)

Para dar legibilidade, o trecho em letras miúdas vem transcrito a seguir:

Se você acha que é um exagero uma criança fazer xixi na calça por medo dos pais, espere 20 anos. Espere essa criança crescer e veja como ela vai aplicar na vida o que aprendeu em casa. Veja como, aos poucos, ela vai se tornar tão violenta quanto as surras que levou e os estupros que sofreu. Acompanhe a vida difícil dessa pessoa e assista como ela vai começar a bater nos filhos e assediá-los sexualmente exatamente como fez o pai dela. Se você não quer esperar 20 anos, pense nas 100 crianças que vão morrer hoje no Brasil. Logo que os pais chegarem em casa.

A combinação entre a linguagem visual da foto e a linguagem verbal dos textos permite a(s) seguinte(s) leitura(s):

I — A associação entre a foto e a frase em destaque pode sugerir o tema da euforia da criança pela chegada do pai ao lar.

II — A leitura do texto em letras menores desfaz, de maneira chocante, a impressão de alegria provocada pela frase “Papai chegou”.

III — A foto, a frase em destaque e o texto em letras menores constituem três formas diferentes e complementares de enviar a mesma mensagem. É (são) correta (s):

A) apenas I.
B) apenas II.
C) apenas III.
D) apenas I e II.
E) apenas II e III.

8-) Resp. É evidente nesse anúncio a intenção de chamar a atenção por meio do choque. Num primeiro olhar, a imagem do garoto, associada à frase “Papai chegou”, evoca o clima de emoção e ternura que habitualmente essa cena recria e sugere.

O texto em letras miúdas obriga a reconsiderar a interpretação inicial e a enxergar os traços de tensão e medo impressos na foto (a mancha de xixi nas calças e as mãos fechadas). Fica evidente, pois, o efeito de impacto produzido pela ruptura brutal da expectativa criada de início: o pai, em vez de levar para casa segurança e calor humano, leva tensão e medo, o que faz prever um futuro nada promissor.

9-) Observe o anúncio publicitário abaixo, criado pelo poeta Décio Pignatari:


Considere as seguintes afirmações a respeito do anúncio publicitário:

I — No anúncio fica evidente que o nome do produto é composto por duas partes, indicando que sua fórmula inclui dois componentes.

II — O nome do produto inicia-se por um segmento (dis-) idêntico ao prefixo de uma palavra que denota uma perturbação intestinal muito comum.

III — Os dois terços de cima do anúncio pretendem representar a ação paulatina do medicamento, debelando a moléstia até sua completa extinção.

IV — Na sexta linha do anúncio a perturbação intestinal chega ao seu ápice, o que é representado pela desordem das letras.

São corretas as afirmativas:
A) todas.
B) apenas II e III.
C) apenas I, II e III.
D) apenas I, III e IV
E) apenas III e IV.

9-) Resp. O anúncio publicitário simula visualmente a ação de um remédio contra perturbações intestinais. No começo elas ocupam quase todo o espaço da linha, mas aos poucos vão perdendo lugar para o produto, que acaba por eliminá-las por completo. A palavra disenfórmio contém segmentos que a associam a disenteria (um tipo de perturbação intestinal) e ao princípio ativo do formol, um poderoso anti-séptico. Essas considerações justificam a correção dos enunciados II e III e, por força do mesmo raciocínio, a incorreção do IV. O enunciado I está errado porque não há no texto nenhum dado para se presumir que a fórmula do produto contenha apenas dois componentes, já que outros mais vêm relacionados no texto inferior, em letras menores.

10-) Esta caricatura, extraída da revista inglesa Punch (março de 1919), mostra o presidente norte-americano W. Wilson oferecendo a uma pomba um pesado ramo que representa a Liga das Nações:

A figura sugere, de forma irônica:

A) o auxílio econômico oferecido pelos Estados Unidos à Europa, após a Segunda Guerra Mundial.

B) a impossibilidade de se manter a paz por intermédio da ONU (Organização das Nações Unidas).

C) a impossibilidade de se manter a paz no mundo por meio das decisões diplomáticas sugeridas naquele momento.

D) uma crítica à degradação ambiental provocada pela indústria norte-americana.

E) uma crítica à corrida armamentista nuclear durante a Guerra Fria.

10-) Resp. A figura ironiza as relações internacionais do período posterior à Primeira Guerra Mundial, intermediadas pela Liga das Nações — entidade criada por sugestão do presidente W. Wilson, com a intenção de estabelecer a paz por meios diplomáticos. Nota-se que a Liga está representada por um ramo pesado demais para ser carregado pela “pomba da paz”.

11-)


Na charge, o cavaleiro Dom Quixote foi associado a George Bush e o escudeiro Sancho Pança a Tony Blair como forma de criticar:
A) a existência comprovada de armas químicas no Iraque.
B) o cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
C) os motivos alegados para justificar a invasão do Iraque.
D) o predomínio da ação diplomática sobre a militar.
E) o primado do espírito de justiça e de racionalidade.

11-) Resp. (Simulado 2003)
C = A existência, no Iraque, de armas químicas, bacteriológicas e nucleares (consideradas de destruição em massa) que Bagdá estaria resistindo a entregar, foi um dos pretextos invocados pelos Estados Unidos e pela Inglaterra para justificarem a invasão do país, sem a concordância do Conselho de Segurança da ONU.

12-) (adaptado de 44th International Advertising Festival Cannes Lions, p. 38

It’s not just what you say. It’s how you say it.

O anúncio publicitário reproduzido acima, vencedor do Leão de Ouro no Festival de Cannes de 1999, foi criado por encomenda de uma escola de propaganda americana. Numa tradução literal dos textos, observa-se:

• à esquerda, no quadro, “Nossos calçados ajudam Michael Jordan a pular mais alto”; fora do quadro, em letra menor,
“Não é apenas o que se diz.”;

• à direita, no quadro, “Michael Jordan 1 [versus] Isaac Newton 0”; fora do quadro, em letra menor, “É como se diz”.

Assinale a alternativa que contenha um comentário equivocado a respeito do anúncio:

A) O que está dito no quadro à esquerda em linguagem cotidiana vem traduzido com o rigor da linguagem da Física no quadro à direita, por meio de uma alusão à Lei da Gravidade, formulada pelo cientista inglês Isaac Newton.

B) O que vem inscrito no quadro da direita transmite praticamente a mesma mensagem do que vem inscrito no quadro da esquerda, mas de modo mais atraente e persuasivo.

C) O que vem dito em letras menores fora dos quadros poderia ser entendido assim: o modo de dizer valoriza o que se diz.

D) Levando-se em conta apenas o que se diz, há equivalência entre as mensagens inscritas em ambos os quadros.

E) Fazendo uso de transgressões típicas da função poética da linguagem, o texto inscrito no quadro da direita confere ao calçado o poder mágico de permitir que se despreze a Lei da Gravidade.

12-) Resp. Para compreender o sentido global desse anúncio, é preciso considerar em primeiro lugar que o anunciante é uma escola de propaganda interessada em atrair alunos, sob o argumento de que ela ensina aquilo que em publicidade é o mais importante: o modo de dizer para tornar persuasivo o que se diz. Apenas a alternativa A contém um comentário inadmissível, pois não há rigor científico em dizer que um mero calçado esportivo seja capaz de anular a Lei da Gravidade, reduzindoa a zero.

13-)

O holandês Mauritus Cornelis Escher (1898-1970) dedicou toda a vida às artes gráficas. Um de seus impressionantes trabalhos é a gravura “Uma mão com a esfera”, reproduzida ao lado, em que aparece uma esfera refletora que está na mão do artista.

Tendo em vista os conceitos de Óptica Geométrica, é correto afirmar que Escher:

A) não foi fiel à realidade, pois, como se trata de uma superfície refletora convexa, a imagem não deveria apresentar a reversão.
B) retratou uma imagem de natureza virtual, revertida e menor que o objeto, configurando que a superfície refletora apresenta forma convexa.
C) certamente levou em conta que a superfície refletora apresenta formato côncavo.
D) ignorou as leis da Óptica, pois retratou uma imagem distorcida em relação ao objeto.
E) retratou uma imagem de natureza real.

13-) Resp. B
A superfície externa de uma esfera corresponde a uma face convexa. Nos espelhos convexos, a partir de um objeto real, a imagem sempre apresenta natureza virtual, direita em relação ao objeto e de dimensões menores do que ele. Em qualquer tipo de espelho, a propriedade da reversão (troca do esquerdo com o direito) sempre ocorre. Note-se que a mão que segura a esfera é a esquerda, enquanto a imagem em que o artista aparece mostra a esfera em sua mão direita.

14-) Num domingo, pai e filho estão diante do aparelho de televisão assistindo a uma partida de futebol do Corinthians. De repente, acaba a energia elétrica e a imagem da televisão some. Imediatamente, o pai pede ao filho que vá buscar o rádio de pilhas para, pelo menos, ouvirem o jogo. O garoto, intrigado com o fato de o rádio funcionar apesar de não haver energia elétrica na casa, pede uma explicação ao pai. Este estaria certo se lhe explicasse que:

A) o rádio não funciona com energia elétrica.
B) o rádio obtém energia elétrica a partir da fissão dos átomos que constituem o material da pilha.
C) a energia elétrica utilizada pelo rádio é obtida a partir da energia química armazenada no interior das pilhas.
D) o rádio obtém energia elétrica a partir da fusão dos átomos que constituem o material da pilha.
E) enquanto o rádio está desligado, ele produz energia elétrica que é armazenada para uso posterior.

14-) Resp. C = A energia elétrica utilizada pelo rádio é fornecida pela pilha a partir da energia química presente nas ligações dos elementos que formam o material da pilha. Tanto fusão quanto fissão de átomos liberam energia contida no núcleo dos átomos (energia nuclear). Os rádios domésticos ainda não funcionam a energia nuclear.

15-) Texto 1
“Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar no São Francisco
O rio São Francisco vai bater no mei do mar
Oxe se eu fosse um peixe ao contrário do rio
Nadava contra as águas e nesse desafio
Saía lá do mar pro Riacho do Navio
Eu ia diretinho pro Riacho do Navio”.
(Luiz Gonzaga)

Texto 2

“O filme Central do Brasil, candidato ao Oscar, relata a história do menino Josué, que, depois da trágica morte da mãe, só tem um desejo: viajar de São Paulo para o Nordeste, em busca do reencontro com o pai”.

Entre os falantes da nossa língua, é comum observarmos variações lingüísticas relacionadas à região onde vivem, ao seu grupo social ou à sua faixa etária. Além disso, um enunciador pode recorrer a diferentes expedientes lingüísticos para organizar o seu texto de modo a adequá-lo a determinada situação, o que significa evidenciar uma certa intenção e privilegiar determinada função da linguagem.

Considerando esses dados e os textos anteriores, assinale a alternativa correta:

A) Na linguagem poética do texto 1, a imagem do “peixe” que poderia enfrentar o “desafio” de nadar “contra as águas” corresponde ao desejo de retorno do menino Josué, registrado no texto 2 em linguagem referencial.

B) As expressões “pro” e “mei”, que são marcas de oralidade de uma variante lingüística nordestina, colocam o texto 1 em posição de inferioridade em relação ao texto 2, que não desrespeita a norma culta.

C) No texto 2, evidencia-se a predominância da função emotiva da linguagem, pelo emprego de palavras como “trágica”, “desejo”, “reencontro”.

D) Como se pode observar no texto 1, na linguagem formal é comum a falta de rigor gramatical no emprego dos tempos verbais.

E) As formas nadava, saía e ia (texto 1) são exclusivas da linguagem regional do Nordeste brasileiro.

15-) Resp. A (Simulado 2004)
A linguagem poética do texto 1 evidencia-se por meio dos recursos estilísticos selecionados para a construção dos versos (a sonoridade; as imagens; a retomada, no início do terceiro e do quarto versos, de termos dos versos anteriores, reconstituindo o trajeto percorrido pelas águas do riacho), ou seja, o texto chama a atenção para o modo como foi organizada a mensagem. No texto 2, por sua vez, destaca-se a função referencial da linguagem, pois é evidente a intenção de informar objetivamente o leitor sobre o enredo do filme — o que já invalida a alternativa C.

Quanto à alternativa B, há dois pontos a considerar: as expressões “pro” e “mei” não são exclusivas da região nordestina e a oralidade não desprestigia o texto de Gonzaga sob o ponto de vista comunicativo, uma vez que o torna adequado ao seu propósito de imitar a fala popular. Esse argumento vale também para invalidar a alternativa D: a linguagem do texto 1 é nitidamente informal. A alternativa E está incorreta porque o uso do imperfeito do indicativo no lugar do futuro do pretérito (nadaria, sairia,iria) é comum na linguagem oral do Brasil e tem registro até mesmo na língua culta escrita.

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